CONEXÃO E REAÇÃO

por Felipe Lemos

 

 

O Ibope/NetRatings divulgou em dezembro de 2005 estudo que mostra um crescimento de 10% no uso da internet residencial no País entre o começo do ano e setembro. Segundo o levantamento, de julho a setembro 13,5 milhões de pessoas navegaram pela rede a partir de suas casas. No mesmo período, o total de internautas, incluindo os que acessam a web do trabalho, de escolas ou de outros locais públicos, subiu de 31,8 milhões para 32,1 milhões, menos de 1%. A pesquisa deixa claro, também, que a maior parte dos acessos se dá, não para uso comercial, educacional ou de trabalho. Os internautas brasileiros acessam a Internet principalmente para se relacionar com uns com os outros através de invenções como o Orkut, chats e outros.

Diante do crescimento do número de cidadãos conectados à grande rede, um novo dilema já se criou: como gerenciar tantas informações recebidas? A resposta incrivelmente é simples. Muitos estão ligados à Internet, mas não conseguem fazer bom uso da rede mundial de computadores. Quando falo em bom uso, refiro-me à capacidade de se valer da variedade de dados para produzir algo que seja importante para a sociedade e realmente beneficie os demais e a si próprio. A realidade é que esse bom uso é cada vez menos comum e se ensina mais a navegar do que a criticar e saber avaliar o que se está vendo na tela do computador.

O ser humano é dotado da faculdade de raciocinar e tomar decisões sobre o que seus sentidos percebem. Mas parece que com a Internet isso tem desaparecido. Acredita-se em tudo o que está dentro da caixa do computador. Só que depois da conexão, vem a reação diante do que se absorve. Um dos problemas é quanto a quem está disponibilizando informações e quais critérios se utiliza para fazer isso (quando efetivamente há algum crivo sobre o que é publicado). Hoje oficialmente há órgãos que se dizem encarregados de controlar o que está na Internet. Mas o controle pleno, na prática, não existe. Basicamente qualquer um emite conceitos, opiniões, publica imagens e discorre sobre o que bem entende on line. Pode ou não citar fontes e sequer precisa ser claro sobre sua própria identidade. Ou seja, informação não confiável sujeita a questionamentos. E é justamente em sites como esses que navegam crianças, adolescentes e jovens ávidos por informações curiosas, imagens proibidas, notícias polêmicas e controvertidas. Salvo raras exceções em que alguém denuncia sites de cunho racista, que fazem apologia à criminalidade ou reproduzem a pedofilia, tudo é permitido na Internet.

O segundo problema está, portanto, na reação diante da grande quantidade de lixo oferecido nos sites. É prudente lembrar o que Paulo escreveu em I Coríntios 10:23 ao afirmar que "todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam". O acesso é livre na Internet, mas nem todas as informações são realmente úteis para nossa edificação moral, espiritual e intelectual, sobretudo em relação a quem está em fase de formação de sua própria personalidade. Pais e educadores devem ser os primeiros a saber selecionar os locais em que navegam para depois ensinar aos alunos e filhos.

E não é só observar questões como a pornografia e a violência. Precisamos estar atentos à fonte de informações religiosas e de caráter moral. "Nem tudo o que reluz é ouro", diz um antigo ditado. A regra se aplica adequadamente à Internet, pois informações aparentemente confiáveis e sólidas são exemplares mentiras criadas por espertalhões que só têm o desejo de atrair internautas aos seus sites. Invencionices sobre a Bíblia, sobre os chamados mistérios da fé, colocações travestidas de descobertas científicas, tudo isso está na grande rede mundial. Uma discussão recente ocorreu em relação à Wikipedia, a chamada enciclopédia livre da Internet hoje traduzida para vários idiomas inclusive o português. A polêmica é que até os responsáveis pela tal enciclopédia - cujos dados podem ser alterados por qualquer internauta – também incluíram informações propositadamente equivocadas em alguns verbetes. A norma áurea de Filipenses 4:8 e 9 deve permear a mente dos cristãos que se valem da Internet. Mais do que receptores, devemos ser gerenciadores das informações obtidas.

 

Felipe Diemer de Lemos

Jornalista e assessor de imprensa da Associação Catarinense da Igreja Adventista do Sétimo Dia