DOM DE LÍNGUAS: CONSTRASTES ENTRE O PENTECOSTALISMO E OS PAIS DA IGREJA

 

 

por Diogo Cavalcanti

diogo.cavalcanti@paulistasul.org.br

 

 

INTRODUÇÃO: A glossolalia1 ultrapassa a barreira do século XXI como o fenômeno trans-denominacional mais “penetrante” no seio do cristianismo.2 Os pentecostais têm o crescimento mais “espantoso” do mundo.3 No Brasil, constituem o segundo bloco religioso, superando 17 milhões de adeptos, cuja expansão “não é recente, nem episódica”.4 Devido ao seu impacto decisivo, a glossolalia tem sido abordada por especialistas de áreas tão distintas, de Teologia, Lingüística até Sociologia.5Pentecostais se proclamam herdeiros da glossolalia apostólica. Todavia, até que ponto, a glossolalia pentecostal resiste a uma avaliação histórica? De que modo ela é compatível às crenças cristãs mais antigas após o Novo Testamento? Os Pais da Igreja viam o falar em línguas do N.T. como idiomas reais ou não? O que pensavam de uma linguagem religiosa “não-idiomática”?6 Quão “pentecostais” os Pais da Igreja dos primeiros séculos foram em relação à glossolalia? O artigo está dividido em duas partes. Optou-se por uma comparação retroativa.7 Primeiramente, um breve esboço do surgimento da glossolalia e a compreensão pentecostal do fenômeno. Em seguida, o artigo se detém nos conceitos de glossolalia dos Pais da Igreja, passando a seguir, para uma avaliação do conceito pentecostal. HERANÇA WESLEIANA Para se entender o conceito pentecostal de glossolalia, é imprescindível observar as razões de seu surgimento. Não se nega que ocorreram movimentos de êxtase e fenômenos lingüístico-religiosos na Inglaterra e na França dos séculos XVII ao início do XIX.8 Mas foi a partir de um clima de reavivamento e êxtase espiritual nos Estados Unidos do século XIX, que brotou o pentecostalismo no alvorecer do século seguinte. Em 1800 e 1801, destacam-se dois movimentos. O primeiro e maior, no acampamento Cane Ridge, em Kentucky, onde se reuniam até 25 mil pessoas. Não há relatos de línguas, apesar de fortes manifestações físicas como “transes”.9 O outro, na Universidade da Geórgia, parece ter envolvido glossolalia, de acordo com as descrições de um estudante. Porém, segundo Synan, o relato não é suficiente para comprovar a ocorrência de glossolalia.10

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Na década de 1820, nasciam os Shakers, cujo movimento prosseguiria até o fim do século.11 De acordo com Hinson, eles experimentavam “línguas, danças e vários estados extáticos, como as maiores expressões de adoração”.12 Spittler afirma que, pela mesma época, os Mórmons13 praticaram glossolalia. White lista casos de “falar em línguas” entre alguns adventistas sabatistas.14 Todavia, para Osborne, as evidências de que alguns ou todos estes grupos falaram em línguas nos moldes pentecostais é “inconclusiva”.15 Embora não se possa determinar com precisão, a teologia destes reavivamentos continha elementos wesleianos.16 Buscava-se uma completa santificação. Para Wesley, ela poderia ser alcançada através do “batismo do Espírito Santo”, ou segunda bênção.17 Conseqüentemente despertou-se uma inquietação sobre qual seria a evidência deste “batismo”. A ponte entre a doutrina wesleiana e o pentecostalismo se encontra no Holiness Movement.18 Dirigido por metodistas, surgia em meados do século XIX como uma tentativa de remodelação do metodismo. Enfocava com vigor a santidade pregada por Wesley, prosseguindo com a participação de membros de diversas igrejas. Contudo, em 1880, adquiriu independência quando se fundaram novas denominações, holiness churches (“igrejas de santidade”), como a Church of God (Igreja de Deus).19 Para Hollenweger, no Holiness Movement a “incerteza” de uma completa santificação pregada por Wesley, foi gradualmente substituída pela certeza que um “sinal externo” poderia dar. As línguas seriam a marca do batismo do Espírito Santo.20 Jorstad tenta descrever o processo. Segundo ele, depois do surgimento das igrejas de santidade, os líderes delas discutiam sobre o que seria o batismo do Espírito Santo. Um dos grupos concluiu que ocorria através de “algum poder sobrenatural, como o falar em línguas”. Deste grupo, segundo Jorstad, teria se originado o pentecostalismo.21 Charles Parham e William Seymour, considerados pais do pentecostalismo moderno, foram “pregadores de santidade”22 – evidência direta da influência do Holiness Movement e das idéias de John Wesley. PARHAM, SEYMOUR E AS TRÊS ONDAS Ocorreram outras manifestações de êxtase religioso, e possivelmente até de glossolalia até o final do século XIX.23 Mas é consenso24 que o pentecostalismo brotou no ano novo de 1901, em Topeka, Kansas numa reunião de Charles Parham com seus estudantes. Os estudantes pesquisaram a Bíblia e concluíram que o falar em línguas era a evidência física do batismo do Espírito.25 Agnes Ozman, uma estudante, passou a falar em “língua chinesa”, segundo Parham.26 Mais tarde, todos difundiram a glossolalia como sinal externo do batismo do Espírito Santo.27 Todavia esta versão de que primeiro estudaram a Bíblia e depois falaram em línguas tem sido contestada por uma ordem inversa. Inicialmente teriam falado em línguas para depois procurarem uma evidência escriturística.28

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Mas foi com o pregador negro, William J. Seymour, que o pentecostalismo “irrompeu”.29 Em uma reunião em Los Angeles, um garoto de 8 anos foi o primeiro a falar em línguas em 9 de abril de 1906. Seymour e um grupo se congregavam numa igreja na Azusa Street, 312. Por 3 anos falaram em línguas, chegando a “gritar três dias e três noites seguidas”.30 Em 1907, W.H. Durham falou em línguas, e tornou-se um dos expoentes do início do movimento pentecostal. A partir de 1908, cria-se em três estágios da salvação: conversão, santificação e batismo do Espírito Santo (evidenciado pelas línguas). Durham pregava dois estágios: conversão e santificação, que incluía o batismo do Espírito Santo.31C. Parham e W. Seymour deram início à primeira das três ondas do movimento pentecostal. Em poucos anos, o pentecostalismo atraiu um número crescente de membros nos Estados Unidos32 e atingiu proporções internacionais.33 Na década de 1960, ocorreu a segunda onda, quando a glossolalia penetrou as igrejas protestantes tradicionais e o catolicismo. A terceira onda surgiu vinte anos mais tarde, quando se acrescentou a ênfase em milagres e cultos de intensa celebração religiosa.34 GLOSSOLALIA NO PENTECOSTALISMO Segundo Hoekema, no pentecostalismo, a glossolalia é tida como um selo do batismo do Espírito Santo35. Ela estabelece uma distinção entre os cristãos, de acordo com Hollenweger.36 Quebedeaux a situa como “central” aos movimentos pentecostais37. Spittler, porém ressalva que os pentecostais mantêm a “essência” doutrinária “evangélica”.38 É vista “como sinal ou evidência” externa39, conforme Jorstad (inicial, como a maioria dos pentecostais crê, ou não40) do batismo do Espírito Santo. Pode ser praticada, de acordo com Falvo e Ranaghan, em forma de canto41. Também ocorre em forma de oração42, louvor, intercessão, petição ou numa mensagem a alguém da congregação, de acordo com Quebedeaux.43 Segundo Spittler, é tida como “evidência”, ou como charisma (dom).44 Marca uma espécie de estágio da salvação do crente, segundo Hollenweger45, ao ponto de se advertir os que professam serem batizados no Espírito e não falam em línguas.46 Para Rolim, sob o prisma do “interesse institucional” das igrejas, é o que as identifica hoje com Azusa Street.47Glossolalia, para a maior parte dos autores pentecostais, é vista como um fenômeno não-idiomático em linguagem emocional. Segundo Spittler, é algo contido no interior do crente que não se pode dizer “em palavras”, não necessariamente envolvendo um estado emocional elevado48, não se entendem os sons emitidos, quando se expressa “o inexpressível”.49 3

Patterson acredita que não se trata de língua “real” ou “humana”, mas de “uma língua desconhecida e impossível de se conhecer”.50 Hollenweger a vê como “uma forma não-racional de oração meditativa”, e Christensen, como “uma língua que expressa os sentimentos profundos e pensamentos daquele que fala, uma linguagem que Deus entende”.51 Isto implica que a “interpretação” (que acompanha a glossolalia) não se referiria à “tradução” de um idioma real, conforme Ranaghan.52Para Jorstad, a glossolalia é de “iniciativa” divino-humana: “o homem fala, enquanto o Espírito Santo fornece as palavras”; destaca a participação “humana” comentando sobre glossolalistas que ensinam como falar em línguas.53 MacDonald sublinha a “criatividade humana”, mas o “conteúdo” vem da Divindade – “Deus e o homem falam simultaneamente”. Todavia, Deus é o autor “e o destinatário”.54 Para Cesar e Shaull, a experiência das línguas “significa superar a própria língua, criar, improvisar, viver o êxtase de uma graça indizível”.55 Por outro lado, autores pentecostais reconhecem que a glossolalia não é um fenômeno restrito ao tempo, ao cristianismo, ou mesmo à religiosidade56. Dentre os praticantes da glossolalia: antigos sacerdotes do deus Apolo; os xamãs; os participantes do culto vodu no Haiti; a seita Zar da Etiópia; os esquimós; diversas tribos africanas; e mesmo os ateístas e agnósticos. Hasel cita diversos lingüistas pesquisadores da glossolalia que traçam paralelos entre os fenômenos cristãos, não-cristãos e ateístas.57 A própria glossolalia auto-aprendida é mais comum do que se reconhece. Conscientes destes fatos, pentecostais crêem a glossolalia não deixa de ser um “dom do Espírito”, mesmo existindo uma explicação psicológica para ela.58Outra “forma” de glossolalia “amplamente relatada”59 entre os pentecostais é a xenolalia (ou xenoglossia), que se trataria da fala miraculosa de um idioma real não-aprendido anteriormente.60 Existe uma tendência de se considerar a xenolalia como um sinal inicial do batismo do Espírito, enquanto que a glossolalia não-idiomática seria um dom do Espírito vivenciado numa fase posterior.61Todavia, estudiosos, mesmo defensores da glossolalia, encontram sérias dificuldades para aceitar relatos de xenolalia. A tendência geral é de considerar apenas a glossolalia não-idiomática como fenômeno do Espírito.62 Patterson, autor pentecostal, apresenta cinco argumentos contra a plausibilidade da xenolalia: a) a maior parte dos relatos são contados por pessoas predispostas a acreditar neles; b) testemunhas de primeira mão confiáveis são “raras”; c) referências à xenolalia em escritos carismáticos não podem ser tomadas como “evidência cientificamente válida”, mas como ilustrações de “crenças de glossolalia”, algo “folclórico”; d) a testemunha não se refere a uma “tradução que poderia ser esperada se ela realmente conhecesse a língua”; e) a testemunha pode às vezes confundir uma glossolalia não-idiomática com uma língua “natural” – “por exemplo, se uma pessoa pensava que ouvia algumas palavras em japonês, ela tenderia a ouvi-las.63 Logo, a xenolalia não pode ser considerada seriamente como característica do pentecostalismo.

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Alguns autores identificam a glossolalia como “língua de anjos”. A classificação se dá com base em I Co. 13:164, ainda que eu fale a língua... dos anjos” (ARA). Embora popular, não há qualquer evidência de comprovação, tanto que a maioria dos autores sequer menciona glossolalia como língua de anjos. Assim como em relação à xenolalia, parece ser mais uma crença defendida por algumas correntes populares, não creditada por parte dos pentecostais, especialmente dos autores. Todavia, a expressão “língua de anjos” pode ser uma outra forma de se referir à glossolalia não-idiomática.65 SUMÁRIO DA CRENÇA E PRÁTICA PENTECOSTAL SOBRE GLOSSOLALIA Destacam-se quatro elementos básicos da crença pentecostal sobre a glossolalia: 1. Glossolalia como linguagem não-idiomática: produzida pelo Espírito Santo no crente, em expressões sem sentido racional para qualquer idioma uma vez falado (embora chamada de “língua”). É expressa geralmente em arroubos emocionais, seja particular ou publicamente. Conscientes dos estudos lingüísticos e históricos, os pentecostais sabem que a glossolalia se trata de um fenômeno humano mundial, antropológico, supra-religioso (cristão, não-cristão, místico, mesmo ateu). Mesmo assim, mantêm a posição de que a glossolalia pentecostal resulta do Espírito Santo; 2. Glossolalia como linguagem idiomática: a) como língua humana existente – denominada xenolalia – amplamente relatada entre os pentecostais. É uma fala miraculosa de idiomas não-aprendidos anteriormente. Todavia, tais relatos revelam uma série de inconsistências. Para a maior parte dos estudiosos pentecostais a glossolalia ocorre apenas como linguagem não-idiomática; b) como língua angélica – assim como a xenolalia, tem certa popularidade entre grupos de pentecostais, porém carece seriamente de comprovação e de apoio. 3. Glossolalia como elemento vital: a) como indicador direto da plena habitação do Espírito Santo; b) como indicador indireto da própria salvação do crente, (embora se alegue que a experiência não é necessária para a salvação); c) como elemento distintivo entre cristãos e denominações, revelando quem são os verdadeiros crentes; 4. Glossolalia com “o” dom: a) a grande maioria dos pentecostais crê na manifestação da glossolalia como obrigatória na vida do cristão e a ausência do dom gera desconfianças; b) apesar de reconhecer a existência de outros dons espirituais, o falar em línguas é “o” dom que todo cristão deve experimentar. Os católicos carismáticos abrem exceções: nem todos precisam falar em línguas. Agora resta descobrir o que os Pais da Igreja até o quarto século pensavam sobre o dom de línguas e estabelecer comparações. 5

PATRÍSTICA COMO CRITÉRIO HISTÓRICO A razão de se estudar a glossolalia na patrística66 é o fator antiguidade. Os Pais da Igreja tinham a seu favor a proximidade do primeiro século, quando a glossolalia do N.T. se manifestou. Eles tiveram contato com a tradição cristã recente e com documentos primitivos. Como autoridades eclesiásticas, desfrutavam de elevada significância para os cristãos dos seus dias.67 Este artigo não partilha da posição que tem nos Pais uma autoridade doutrinária.68 Porém, valoriza sua relevância documental como indicador histórico sobre o que se pensava sobre glossolalia do segundo ao quarto século. A patrística funciona como critério histórico de avaliação da glossolalia pentecostal. Afinal, há relação de continuidade ou não entre a glossolalia nos Pais da Igreja e no pentecostalismo? Séculos II e III Irineu (c.115-200) expõe facetas do seu conceito de glossolalia. Parece se referir a uma fala extática não-idiomática. Descreve e condena as ações de um certo Marcos que “profetizava”, sob influência “demoníaca”. Marcos compartilhava o seu charis (“dom”) e outros também “profetizavam”. Seduzia mulheres e lhes prometia a charis. Quando a recebiam, falavam algo sem sentido: “Então ela, de maneira vã, imobilizada e exaltada por estas palavras e grandemente excitada... seu coração começa a bater violentamente, alcança o requisito, cai em audácia e futilidade, tanto quanto pronuncia algo sem sentido, assim como lhe ocorre”. (Contra Heresias I, XIII, 3)69Irineu define o “profetizar” de Marcos como “pronunciar algo sem sentido”, caracterizando uma fala não-idiomática. Porém compara o “pronunciar algo sem sentido” e o “profetizar”. O próprio fato de usar o termo “profetizar”, ao invés de “falar línguas” denota que, para Irineu, o falar em línguas não possuía semelhança com elocuções não-idiomáticas. Irineu também se refere ao dom de línguas dos apóstolos e da época em que vivia. Cita II Co. 2:6, explicando que “os perfeitos” falam em “todos os tipos” as línguas: “... nós também ouvimos muitos irmãos na Igreja,... e que através do Espírito, falam todos os tipos de línguas, e trazem à luz para o benefício geral as coisas escondidas dos homens, e declaram os mistérios de Deus...”. (Contra Heresias V,VI,1)70Ao informar que falam todos os tipos de língua, Irineu parece se referir a línguas que admitem classificação. A partir disto, presume-se que não se deva tratar de uma glossolalia não-idiomática, pois não se tem diferenciá-la. A glossolalia não-idiomática pode ser vista como uma “glossa” (como chama Patterson71), naturalmente “uma” e não várias. Conclui-se que o peso da terminologia indica que Irineu se referiu aqui a uma linguagem idiomática. Parafraseando, “os irmãos falavam em todos os tipos de idiomas naturais”. O movimento de Montano (c.150-200) envolveu um êxtase religioso, com elocuções não-idiomáticas, semelhantes à glossolalia. De acordo com descrições 6

de Apolinário72 (c.170A.D.), registradas por Eusébio73 (c.265-?), Montano entrou em uma espécie de delírio e balbuciava “coisas estranhas”. Ele “encheu” duas mulheres com o “falso espírito”, e elas falaram “extensa, irracional e estranhamente”: “ficou fora de si e [começou] a estar repentinamente em uma sorte de frenesi e êxtase, ele delirava e começava a balbuciar e pronunciar coisas estranhas, profetizando de um modo contrário ao costume constante da igreja (...) E ele, excitado ao lado de duas mulheres, encheu-as com o falso espírito, tanto que elas falaram extensa, irracional e estranhamente, como a pessoa já mencionada.” (História da Igreja V,XVI:8,9 – colchetes do editor) 74Depreende-se deste texto que o fenômeno lingüístico montanista envolvia: (a) uma forte expressão emocional, deduzida das menções de “êxtase”, “frenesi” e delírio; (b) o texto indica uma linguagem não-idiomática, de “balbucios”, e um falar “estranho”, “irracional”. Tomadas em conjunto, estas características assemelham-se à glossolalia pentecostal. A comparação torna-se tão evidente, ao ponto de o montanismo ser apelidado de “protótipo dos pentecostais”.75 Tertuliano (150-220), convertido ao montanismo por volta de 206, desafia Marcion a exibir os dons espirituais de sua comunidade, citando “uma interpretação de língua”: “...um salmo, uma visão, uma oração, que isto seja somente pelo Espírito, em um êxtase, que é em um rapto, sempre que uma interpretação de línguas tenha ocorrido a ele (...) todos estes sinais (ou dons espirituais) estão à disposição, do meu lado sem qualquer dificuldade”. (Contra Marcion V:3)76Tertuliano apresenta a “interpretação de línguas” ocorrendo a partir de um “êxtase que é um rapto”. Mas perceba-se que não apenas a “interpretação” e uma “visão” ocorrem em “um êxtase”. Tertuliano dá a entender que o êxtase ocorria até na composição de um “salmo”, ou numa “oração”. Esta descrição coaduna com a glossolalia pentecostal manifestada inclusive em orações e cânticos.77 Todavia deve-se destacar que, dentre os fatores que levaram Tertuliano a tornar-se montanista, estava o descontentamento com a igreja romana por ter apoiado um massacre de compatriotas cartagineses.78Mas, ainda quanto ao montanismo, é fundamental perceber que aquele falar não-idiomático era “estranho” para a igreja do segundo século. A linguagem não-idiomática dos montanistas não despertava qualquer semelhança na experiência como na memória cristãs. Tanto que o montanismo foi considerado à margem da ortodoxia cristã da época. Há, pelo menos, duas interpretações para a rejeição cristã ao montanismo. Na primeira, a igreja errou e o montanismo tinha razão. Na segunda, o montanismo foi o problema. Na primeira, (tendência do ponto de vista pentecostal), a igreja não teria compreendido corretamente o montanismo. O montanismo seria uma tentativa de reavivamento da fé apostólica. As “coisas estranhas” faladas pelos montanistas seriam uma linguagem não-idiomática semelhante à glossolalia apostólica e à atual. Segundo este viés, os cristãos do segundo século haviam se distanciado da igreja primitiva a tal ponto que não 7

reconheciam o reavivamento e o fenômeno genuíno de “línguas”. Este ponto de vista justifica a glossolalia pentecostal.79Numa segunda perspectiva, o montanismo foi o problema. Não se questiona, que a “glossolalia” montanista se parecesse com a atual e que o montanismo foi uma tentativa de reavivamento. O que se põe em dúvida é considerar o montanismo um retorno a uma prática apostólica. Também há sérias dúvidas de que a igreja cristã, já em meados do segundo século tenha se esquecido da glossolalia apostólica. A peça-chave deste argumento é que Montano era um sacerdote cibeliano da Frígia80, recém-convertido ao cristianismo. E o “tipo de profecia” dos montanistas era “semelhante às visões extáticas e frenesis selvagens dos sacerdotes de Cibele”. Na antiga religião de Montano, “o sacerdote pagão podia jejuar, sofrer dor, dançar, ter visões, e profetizar”.81 Sem considerar as distorções doutrinárias montanistas com rigor82, Boer parece resumir a problemática: “ao se tornar cristão, ele deixou o paganismo, mas expressou sua nova religião da antiga maneira de pensar83”. Logo, é plausível que a “glossolalia” montanista se tratasse de uma reminiscência dos excessos frígios. Sob esta ótica, a glossolalia pentecostal perdeu o apoio da igreja do segundo século e se alinhou com uma religião não-cristã da mesma época. Orígenes (c.195-254), se opôs a um certo Celso, que clamava ser divino, e falava línguas incompreensíveis: “A estas promessas, são acrescentadas palavras estranhas, fanáticas e completamente ininteligíveis, das quais nenhuma pessoa racional poderia encontrar o significado, porque elas são tão obscuras, que não têm um significado em seu todo.” 84 (Contra Celso, VII:9) Uma linguagem ininteligível soa “estranha”, “obscura” e “fanática” para Orígenes. Assim como para Irineu e mais tarde foi para Eusébio, os três sequer comparam os fenômenos lingüísticos de Marcos, Montano e Celso a uma suposta glossolalia não-idiomática. Não se pode dizer que condenaram “falsas glossolalias” porque sequer a consideravam como “glossolalias”. Para Orígenes, as palavras “completamente ininteligíveis”, eram mais o subproduto de uma distorção religiosa. Arquelau, bispo de Carcar85 no fim do segundo século comenta sobre o dom de línguas no Pentecostes. O contexto indica uma identificação como idiomas naturais. Para Arquelau, Mane era incapaz de conhecer a língua dos gregos porque não possuía o dom de línguas do Espírito, que o capacitaria a entendê-las: “Ó seu bárbaro persa, você nunca foi capaz de conhecer a língua dos gregos, dos egípcios, ou dos romanos, ou de qualquer nação, (...). Pelo que diz a Escritura? Que cada homem ouvia os apóstolos falarem em sua própria língua através do Espírito, o Parácleto”.86 (Disputa com Mane, XXXVI) As Constituições dos Santos Apóstolos e a Didaquê Siríaca, (datados do segundo ao quarto século87) também mencionam o falar em línguas. Nas Constituições se afirma que nem todos precisam ter o dom de falar em línguas, confrontando-se com a crença na glossolalia como “o” dom:

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“Portanto não é necessário que cada um dos fiéis devam expulsar demônios, ou ressuscitar o morto, ou falar em línguas...”. (Constituições, VIII, I, 1)88 Afirma-se também que os apóstolos “falaram novas línguas”. A referência subseqüente a nacionalidades (judeus e gentios) pode ser uma evidência em favor de línguas estrangeiras: “... nós falávamos em novas línguas, como o Espírito nos sugeria e pregamos a ambos os judeus e gentios, que ele é o Cristo de Deus...”.(Constituições, V, III, 20)89. Na Didaquê Siríaca comenta-se o evento do Pentecostes. Os discípulos estavam preocupados sobre como iriam pregar ao mundo, se eles não conheciam os idiomas. Então, receberam o dom de falar idiomas estrangeiros e foram para os países onde esses idiomas eram falados: “de acordo com a língua que cada um deles tinha diferentemente recebido, para que a pessoa se preparasse para ir ao país no qual a língua era falada e ouvida”.90 (Didaquê Síriaca, seção introdutória). Século IV Cirilo (c.315-387), em seus Sermões Catequéticos (sermão XVII: 16), interpreta o dom de línguas do Pentecostes como idiomas estrangeiros. Isto indica que, pelo começo do quarto século, a glossolalia apostólica também era tida como um idioma comum. Cita por nome alguns idiomas falados pelos apóstolos: “O galileu Pedro ou André falavam persa ou medo. João e o resto dos apóstolos falavam todas as línguas para aquela porção de gentios (...) Mas o Santo Espírito os ensinou muitas línguas naquela ocasião, línguas que em toda a vida deles nunca conheceram” 91Para Gregório Nazianzeno (c.330-390), o dom de línguas em Atos também se referia a idiomas estrangeiros: “Eles falaram com línguas estranhas, e não aquelas de sua terra nativa; e a maravilha era grande, uma língua falada por aqueles que não as aprenderam”. Gregório ainda argumenta que o dom foi de falarem línguas estrangeiras e não dos ouvintes as entenderem. Segundo ele, se fosse assim, o milagre não seria dos que “falam” em línguas, mas “dos que ouvem”. (Do Pentecostes, oração XLI:16)92Ambrósio (330-397), embora não discuta a natureza do dom de línguas, ressalta que cada pessoa recebe dons espirituais diferentes. Para ele, “todos os dons divinos não podem existir em todos os homens, cada um recebe de acordo com a sua capacidade ao deseja ou merece” (Do Espírito Santo II, XVIII, 149)93Se Ambrósio também quer dizer com isto que o falar em línguas não se manifesta em todos os cristãos, a citação pode se confrontar com a posição pentecostal de que todos devem ter “o” dom de línguas. Crisóstomo (347-406) é o primeiro a interpretar detidamente a glossolalia em I Coríntios. Em sua conhecida retórica de orador94, questiona a ausência do dom de línguas: “Por que então eles aconteceram, e agora não mais?”. Em seguida, admite a “obscuridade” do assunto, devida às poucas informações existentes sobre a glossolalia, como pela cessação do mesmo. No entanto, mais à frente, revela que considerava a glossolalia como a uma capacidade especial de falar idiomas estrangeiros. Como Cirilo, chega a mencioná-los por nome:

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“...um falou em persa, outro em romano, outro em indiano, outro em alguma outra língua”. (ambas passagens de Homilias na Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo XXIX)95Crisóstomo detalha sua explicação. Ele vê o dom de línguas do N.T. como um fenômeno reverso ao da Torre de Babel. Os discípulos receberam o dom porque deveriam “ir afora para todos os lugares (...) e o dom era chamado de dom de línguas porque ele poderia falar de uma vez diversas línguas”.96 Comentando I Co. 14:10, aplica a passagem à diversidade de idiomas: “i.e., muitas línguas, muitas vozes de citianos, tracianos, romanos, persas (...) inumeráveis outras nações.”97 E sobre I Co. 14:14, Crisóstomo sublinha que aquele que fala em línguas não as entende, porque não conhece o idioma em que fala: “Pois se um homem fala somente em persa ou outra língua estrangeira, e não entende o que ele diz, então é claro que ele será para si, dali em diante, um bárbaro (...) Pois existiam (...) muitos que tinham também o dom da oração, junto com a língua; e eles oravam e a língua falava, orando tanto em persa ou linguagem latina, mas o entendimento deles não sabia o que era falado”.98 (Homilias na Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo XXXV), Para Agostinho (354-430), o dom de línguas concedido aos apóstolos no Pentecostes se tratava da capacidade sobrenatural de falar línguas estrangeiras. Demonstra que, no período apostólico, o Espírito operava... “sensíveis milagres... para serem credenciais da fé rudimentar”99 (Contra os Donatistas: Sobre o Batismo, III:16). Agostinho reforça o dom de línguas como idiomas naturais. Eram línguas que os discípulos“não tinham aprendido”. E, na pregação posterior, o... “evangelho corria através de todas as línguas”.100 (A Epístola de João, Homilia VI:10) Philip Schaff reuniu doze credos do cristianismo desde Inácio de Antioquia (107) até as Constituições do quarto século.101 Algo a se notar neles é a completa ausência do dom de línguas e mesmo dos dons espirituais. Os credos mencionam o Espírito Santo, porém não exploram sua ação como doador de dons. Isto não exclui a crença nos dons espirituais naqueles séculos. Contudo demonstra que os dons, incluindo o dom de línguas não esboçavam qualquer centralidade, ou mesmo relevância na época. Caso o dom de línguas fosse fundamental na doutrina apostólica como evidência do batismo do Espírito Santo, teria certamente teria feito parte destes credos. CONCLUSÕES Autores pentecostais reagem com perplexidade frente à ausência de um eco patrístico em favor da glossolalia não-idiomática.102 Na tentativa de proteger a glossolalia pentecostal como um legítimo fenômeno do N.T., alegam que o “registro” patrístico é insuficiente para conclusões, ou mesmo que a glossolalia pentecostal “pode ser um fenômeno do século vinte”.103 10

Logo, num prisma negativo, três dos quatro elementos da glossolalia pentecostal considerados neste artigo não encontram suporte nos Pais da Igreja: (1) A glossolalia não-idiomática (a) não foi considerada como dom do Espírito; (b) foi rejeitada pela igreja da época; (c) revelou origens e feições não-cristãs. Tida como principal manifestação lingüística do pentecostalismo, a glossolalia não-idiomática encontra reprovação no conjunto dos Pais da Igreja. Em segundo lugar, a glossolalia idiomática, embora encontre reflexos na patrística, (a) não é tomada a sério pela maioria dos estudiosos pentecostais, que consideram a glossolalia não-idiomática como a genuína; (b) a xenolalia embora amplamente divulgada, seus relatos se mostram duvidosos e folclóricos. Portanto, as supostas alegações de xenolalia entre os pentecostais quase não produzem identificação com o testemunho patrístico; (c) o mesmo pode-se dizer da “língua dos anjos”. Quanto à glossolalia como elemento vital, a patrística tem apenas o silêncio como resposta. Nos Pais da Igreja a glossolalia: (a) não é indicadora da plenitude do Espírito Santo; (b) não é indicadora indireta da própria salvação do crente; ou (c) não é um elemento distintivo dos verdadeiros crentes. Em relação à glossolalia como o dom, os Pais da Igreja têm o falar em línguas como: (a) não-obrigatório para o cristão; (b) o dom de línguas na patrística é apenas “um” entre outros. A glossolalia pentecostal requer um questionamento sério como herança apostólica, devido à ausência de apoio e à reprovação no material patrístico. O peso dos relatos históricos chega a alinhar a glossolalia pentecostal a fenômenos não-cristãos de êxtase, com feições antropológicas identificadas em pesquisas científicas atuais. Isto conduz a uma reavaliação da noção pentecostal da glossolalia como “evidência” da plenitude do Espírito Santo no crente. NOTAS: 1 Expressão do N.T. (At. 2:4, 10:46; 19:6; I Co. 14:4-6, 27, 39), derivada do grego glôssas lalein, “falar línguas”. Glossas, pode significar tanto órgão da fala, quanto “as várias línguas da espécie humana” – ver: γλοσσα, Liddel e Scott Greek-English Lexicon (Hong Kong: Oxford University Press, 1990), 1a edição, 1026, Lalein, significa “falar”, “dizer”, “articular conversa”, ver: λαλλων, The Analitical Greek Lexicon (New York: Harper e Brothers Publishers), 1a edição, 246. Cf.: “Tongue”, Pictorial Enciclopedy of The Bible,(Grand Rapids, MI: Zondervan, 1977), 1a edição, 775. Os pentecostais tomam o termo do NT para nomear o fenômeno lingüístico que ocorre em seu movimento. Para mais informações, ver nota 40. 2 Quanto à importância do pentecostalismo, ver: Hasel, Gerhard, Speaking in Tongues, (Berrien Springs, MI 1991), 1a edição, 9. 3 Wagner, P., Por Que Crescem os Pentecostais? (São Paulo: Editora Vida 1994), 1a edição, 4. 4 Para mais informações sobre a recente explosão pentecostal no Brasil, ver César, W., e Shaull, R., Pentecostalismo e Futuro das Igrejas Cristãs, (Petrópolis-SP: Vozes, e São Leopoldo-RS: 11

Sinodal, 1999), 83: “o fenômeno glossolálico através do tempo não mostra sinais de esmorecimento”. Comparar com o artigo de Ricardo Mariano, “Expansão Pentecostal no Brasil: o caso da Igreja Universal”, Alfredo Bosi (ed.) Estudos Avançados - USP, Dossiê Religiões no Brasil, (São Paulo: Instituto de Estudos Avançados, set-dez 2004), n° 52, vol.18, 121,122. 5 Indica-se uma bibliografia de 1150 obras sobre a glossolalia em: Mills, W., Glossolalia – A Bibliography, (Edwin Miller, 1985), 1a edição. 6 Neste artigo, para se distinguir com maior precisão os termos, optou-se pelas expressões técnicas: “linguagem não-idiomática” – uma forma de linguagem sem qualquer semelhança a um possível idioma; e “linguagem idiomática” – referindo-se a idiomas ou dialetos reais na cultura humana. 7 Optou-se por uma comparação retroativa (primeiro o pentecostalismo, depois os Pais da Igreja), por dois motivos: primeiro, este artigo não se trata essencialmente de uma análise seqüencial de fatos, mas de conceitos e comparação de conceitos não exige ordem cronológica; segundo, porque uma avaliação não deveria preceder uma descrição – no caso, o elemento “avaliador” está na patrística, situada após a descrição (glossolalia pentecostal). 8 Glenn Hinson destaca, os Ranters (1648-1650) “parecem ter manifestado glossolalia e outras formas extravagantes de fala”; os Cévenois, (fim do século XVII e início do XVIII) que, “sob perseguição, os Cévenois passaram por experiências extáticas de “convulsões, espuma na boca, soluços e glossolalia”. Ver: Hinson, E. G., e outros, Glossolalia, (Nashville-Tenessee, Abingdon Press, 1967), 1a edição, 59-66 – itálicos acrescentados. Hinson também sublinha experiências no início do metodismo inglês e um caso relatado a John Wesley em 1759, em que pessoas “guinchavam, desmaiavam, caíam sobre o solo como mortos, balbuciavam sem sentido, clamavam em louvor a Deus”. Wesley, não os condenou, nem lhes concedeu importância. Ver Mills, Watson E, Speaking in Tongues, (Texas, Waco: Word Books, 1973), 1a edição, publicado na coletânea A Charismatic Reader, (New York-NY: Evangelical Book Club, 1977), 1a edição, 78. Em 1831, surgia na Inglaterra os Irvingitas, que possivelmente falaram em línguas. Ver: Osborne, G. R., Elwell W. (ed.), Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, (São Paulo: Vida Nova, 1990), 1a edição, 441. 9 Testemunharam-se desmaios em um grupo, enquanto outros passavam por convulsões e se balançavam e outros caíam em transes por horas, “clamando por salvação”. Ver: Synan, Wilson, The Holiness-Pentecostal Movement In United States, (Grand Rapids-MI, 1971), 1 a edição, 24. Neste avivamento, “nenhum caso de glossolalia foi reportado”. Ver também Spittler (autor), R.P., Burgess, S. M., e McGee, G., (eds.), Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, (Grand Rapids, MI: Regency Reference Library, 1998), 1a edição, 339-340. Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements 10 “Eles desmaiavam e caíam por horas... ou começavam repentinamente a se alegrarem e caírem prostrados... ou, de repente, pareciam ter convulsões... ou gritavam e falavam em línguas desconhecidas”, descrição de Merton Cutter, College Life in the Old South, (New York, 1928), 1a edição, 194-195, citado em Synan, Wilson, 24. [itálicos acrescentados] 11 Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 339-340. 12 Hinson, e outros, 66. 13 “Ambos Joseph Smith e Bringham Young falaram em línguas”, em Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements (ed.), 340. “Acreditamos no dom de línguas... Que se derrame o dom de línguas”. Ver lista de verbetes de “O Livro de Mórmon – O Outro Testamento de Jesus Cristo”, (Salt Lake City-Utah: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2002), 130, apesar de ultimamente ser proibido falar em línguas entre os Mórmons. Ver Mills, 78. 14 “Há em nossa história dos primeiros tempos, quatro experiências registradas quanto ao falar em línguas”, relatadas como tendo lugar em 1847, 1848, 1849, 1851. Ver: White, A., Os Adventistas do Sétimo Dia e as Experiências Carismáticas, (Santo André-SP: Casa Publicadora Brasileira, 1974), 1 a edição, 7.

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15 Osborne, 441. 16 Ibid. Cf.: link do site oficial das Assemblies of God, www.answers.com, acessando o verbete “pentecostalism”. Pesquisado em 28/09/05. 17 Ver Jorstad, Erling, The Holy Spirit in Today’s Church, (Nashville, NY: Abingdon Press, 1973), 1 a edição. Publicado na coletânea A Charismatic Reader, (New York-NY: Evangelical Book Club, 1977), 1a edição, 11. 18 Tradução: “Movimento de Santidade”. 19 Entre estas igrejas a Church of Nazaren (no Brasil, Igreja do Nazareno), Piligrim Holiness Church e a Church of God. Ver Jorstad, 12. Segundo Jones, na década de 1880, surgiam três “corpos” (bodies) “conhecidos mais tarde como Church of God (Anderson Ind), the Church of God (Holiness), e a Holiness Church of Califórnia.” Para mais informações, ver: “Holiness Movement”, Jones, C.E., Burgess, Stanley M., e McGee, Gary, (eds.), Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 406-409. 20 “Donald W. Dayton (1987), demonstra que ao longo das décadas do século, a linguagem de Wesley de ‘amor puro’ e ‘inteira santificação’ foram gradualmente substituídas pela frase ‘batismo no Espírito Santo’”. Houve uma transformação da “segurança” de Wesley para a idéia de “evidência”. Ver Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 339-340. Cf.: Hunter, H.D., Linder, E.D., e outros (eds.) Dictionary of Christianity in América, (Bowners Grove-Illinois, 1990), 1 a edição, 1179. 21 Ver Jorstad, 12. 22 Ver link do site oficial das Assemblies of God, www.answers.com, acessando o verbete “pentecostalism”. Pesquisado em 28/09/05. Comparar com: Osborne, 441. 23 Hunter, 1179. 24 Ibid. 25 Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 339. 26 Hoekema, A. Anthony, Holy Spirit Baptism, (Grand Rapids-MI: William B. Eerdmans Publishing Co, 1972), 1 a edição, 9. Jorstad, 12. 27 Hollenweger, 22. 28 Hasel, 21. 29 Elwell, 441. 30 Hollenweger, 22. 31 Ibid. 32 Jorstad, à página 13, indica pelo menos 3 fatores de atração dos novos membros a partir de Azusa: a) os insatisfeitos com o formalismo litúrgico buscando espontaneidade; b) os pobres, em busca de milagres; c) e a “prova” consoladora do poder do Espírito que os libertava dos temores do inferno. Cf.: Fischer, N. Understandig Tongues, (Alm Park, Grantham, Lincolnshire-England: The Stanborough Press Limited, s/ ano), 1 a edição, 12. 33 Ver Hinson, 69. O pentecostalismo nesta época atinge o Brasil, ver: Valiante, Edilson, “Movimento Pentecostal no Brasil: Breve Análise Histórica e as Principais Razões para o Seu Crescimento”, Revista Parousia (Engenheiro Coelho-SP: Gráfica da União Central Brasileira, set.2000), n°1, 6. 34 Para se obter um breve exposição das “três ondas” do pentecostalismo nos Estados Unidos veja: Hasel, 9, e no Brasil, veja Valiante, 6. Ver também site oficial das Assemblies of God os três “tipos” de pentecostalismo na página: www.answers.com, subtítulo “pentecostalism”. A segunda onda se desencadeou em 1961 Dennis Bennett, um ministro episcopal, declarou em sua igreja em 13

Van Nuys, Califórnia “que estava falando em línguas”. Sobre a introdução da glossolalia no catolicismo, no subtítulo The Charismatic Movement, (acessado em 28/09/2005). Comparar com: Douglas, J.D., New 20th CenturyEncyclopedy of Religious Knowledge, (Grand Rapids-MI: Baker Book House, 1991), 1 a edição, 357. Elwell, (ed.), 441. Ver também Hoekema, A.A., 9. Ver: O’Connor, E.D., The Pentecostal Movement In The Catholic Church, (Notre Dame, Indiana: Ave Maria Press, 1972), 1 a edição, 15. Peter Wagner (p.28) se considera “participante da Terceira Onda”. 35 Não se encontra uma linguagem objetiva sobre ser batizado no Espírito; é “nascer do Espírito”, um “batismo espiritual”. A única objetividade no “fenômeno” seria a evidência do falar em línguas, ver site oficial da United Pentecostal, na página www.upci.org/doctrine/apostles.asp#tongues, subtítulo “Baptism of the Holy Spirit”, acessado em 28/10/2005 . Batismo “no” Espírito, ou “com” o Espírito Santo traz a “plena habitação e a completa entrega dos dons do Espírito”, Ver: Hoekema, 11. 36 Hollenweger, 9. 37 Quebedeaux, Richard, New Charismatics – The Origins, Development and Significance of Neo-Pentecostalism, (Garden City-NY: Doubleday & Company, 1976), 1 a edição, 128. Confirmar em Hunter, H.D., 1179. Todavia em Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements (p.340) ressalta-se que a evidência inicial assume posição inferior a doutrinas como a pecaminosidade do homem e a eficácia da expiação. 38 Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 440. 39 Jorstad, 81, 82. 40 Oss, D., Gruden, W. (org.), Coleção Debates Teológicos – Cessaram os Dons Espirituais? (São Paulo: Vida, 2001), 1 a edição, 273, os pentecostais clássicos sustentam o dom de línguas como evidência inicial. Todavia em Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, à página 340 ressalta-se: dentre os pentecostais que não aceitam a evidência inicial, estão igrejas pentecostais na Escandinávia, Alemanha, Reino Unido e América Latina. 41 Sobre a glossolalia em canto, ver: Falvo, S., “A Hora do Espírito – A Aurora da Renovação Carismática na Igreja Católica”, (São Paulo: Edições Paulinas, 1975), 6a edição, 180, cf: Ranaghan, K. e Ranaghan D., 107. 42 Quanto à oração em línguas, ver www.answers.com, verbete “glossolalia”. 43 Para informações sobre prática de glossolalia, ver: Quebedeaux, R. 129. Segundo Paterson, católicos “pentecostais” a praticam “usualmente” em oração particular, mas também em algumas reuniões trazendo “mensagens em línguas”. Paterson, B.E., Catholic Penthecostals, (Waco, Texas: Word Incorporated, 1973), 1 a edição, publicado na coletânea A Charismatic Reader, (New York-NY: Evangelical Book Club, 1977), 1a edição, 107. Para Splitter, mesmo entre os pentecostais, a glossolalia é mais praticada de modo particular, Spittler, R. (ed.), Perspectives on New Pentecostalism, (Grand Rapids-MI: Baker Book House, 1976), 1 a edição, 153. 44 Para uma distinção entre glossolalia como evidência, ou dom, ver: Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 340. Quebedeaux, (p.128), cita Dennis e Rita Benett que defendem, a partir da evidência inicial, as pronúncias gradativamente se transformam em “linguagem” para oração, que antes funcionaram apenas como sinal. Pentecostais ligam a noção de “evidência” da glossolalia ao livro de Atos (identificado por alguns como glossolalia idiomática), enquanto que buscam a noção de “dom” a partir de I Coríntios (glossolalia não-idiomática). Os pentecostais defendem a continuidade dos dons do Espírito do NT, ver: Benedicto, M., Carismas no século XXI? Revista Parousia (Engenheiro Coelho-SP: Gráfica da União Central Brasileira, set.2000), n°1, 62 ver também site www.answers.com, verbete “glossolalia”, acessado em 28/10/2005.

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45 A partir de 1908, “todo o movimento pentecostal reivindicava três estágios de salvação”. São eles: conversão, santificação e falar em línguas. Ver: Hollenweger, 22. O batismo do Espírito Santo seria “um segundo encontro com Deus (após a conversão)”. Ver Quebedeaux, 128. 46 “Algo está faltando em sua vida espiritual se você recebeu o Espírito Santo e não falou em línguas”, em Jorstad, 79. Entre os católicos carismáticos, a glossolalia “marca de qualquer verdadeiro cristão” também é vista como “normativa” juntamente com a Escritura e a tradição, ver Ranaghan K., e Ranaghan D., 110. 47 Rolim, F.C., Pentecostais no Brasil – Uma Interpretação Sócio-Religiosa, (Petrópolis-RJ: Vozes, 1985), 1a edição, 208. 48 Segundo Splitter, glossolalia não é uma forma de “histeria religiosa”, nem uma contraposição do emocional contra o racional. Spittler, R. (ed.), Perspectives on New Pentecostalism, 152, 153. 49 Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 335. 50 Patterson, 92-105. 51 Hollenweger e L. Christensen, citado em Quebedeaux, 129, 130. 52 Ranaghan, K, Ranaghan D., Catholic Pentecostals Today, (South Berd, Indiana:Deus Books, 1971), 1a edição, 127. 53 “‘Levante suas mãos e os olhos para o céu’, ele disse, ‘e comecem a falar palavras, sílabas, e continue isso mais rápido, mais rápido, mais rápido, mais alto, mais alto as palavras, mais alto as palavras, mais palavras, mais rápido, mais rápido e aconteceu! Você recebeu o batismo do Espírito Santo!’”, ver: Jorstad, 80, 92, 93. Cf.: Hoekema, 10. 54 MacDonald, W.G., Speaking in Tongues – Let’s Talk About This, (Waco, Texas: Word Books, s/ano) 1a edição, publicado na coletânea A Charismatic Reader, (New York-NY: Evangelical Book Club, 1977), 1a edição, 82. 55 Cesar e Shaull, 82. 56 Pesquisas históricas e lingüísticas, inclusive reconhecida pelos pentecostais, indicam que a glossolalia se trata de um comportamento humano – cristão ou pagão, atual ou primitivo, religioso, místico ou ateu. Ver Douglas, 356. cf.: Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, à página 340, cita Waldvogel, que define a glossolalia pentecostal em perspectiva com manifestações em outras religiões, inclusive pagãs. Comparar com: página www.answers.com, no verbete glossolalia, subtítulo “Non-Christian Glossolalia” (acessado no dia 28/09/2005). 57 Hasel alinha diversos autores e lingüistas quanto à glossolalia: o pentecostal R.P. Spittler: “Qualquer que seja sua origem, a glossolalia é um comportamento humano entre a humanidade”. William Samarin, professor do Departamento de Estudos Lingüísticos da Universidade de Toronto concluiu que a glossolalia é uma “pseudo-língua...que não é derivada ou relacionada com línguas conhecidas”. Na pesquisa de William e Waldvogel, a glossolalia engloba “todo fenômeno de oral de auditório,... mais projeções de uma fala interior do que uma língua em si mesma”. Para a lingüista Felicitas Goodman, em que a glossolalia cristã e pagã são lingüística e culturalmente idênticas do ponto de vista estrutural, marcadas por um transe. Hasel, 24-30. 58 Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 340. 59 Ibid. 60 Embora se comente sobre uma akolalia (o milagre de ouvir em uma nova língua), existem apenas dois tipos principais de glossolalia, ver: Hunter, H.D., 1179. 61 Ver: Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 339, “Pentecostais distinguem o falar em línguas de Atos e de Coríntios. Em Atos, é uma evidência do batismo do Espírito Santo. Em I Coríntios, um dom”. Cf.: site www.answers.com, no verbete “glossolalia”, que 15

situa a xenoglossia como sinal inicial. Sobre a discussão sobre a evidência inicial do batismo do Espírito Santo, ver nota 43. 62 Xenolalia é o mais difícil de se registrar e conclui dizendo que “glossolalia não parece consistir no extraordinário uso e alguma língua identificável”. Ver: Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 340. 63 Ranaghan, 132, 133. 64 Evidentemente não é uma língua humana, possivelmente as línguas angélicas de I Co 13:1”, Ver: “Lenguas”, Nelson W., (ed.) Diccionario Ilustrado de la Bíblia, (Barcelona: Caribe, 1975), 3a edição, 374. 65 O jornal Folha de São Paulo, de 04 de setembro de 1996 relata a declaração do candidato à prefeitura de São Paulo, Paulo Rossi, da igreja Assembléia de Deus. Ele falou em línguas em uma reunião de líderes religiosos e explicou o fato em entrevista: “é coisa comum entre os pentecostais... línguas de anjos... em que se exalta e glorifica a Deus, sem se ter a preocupação de identificar ou entender a língua em que se está falando”. – trecho citado no website www.dantas.com, comentando a reportagem “Espírito Santo se manifesta em Rossi”, de Ana Maria Mandim. 66 Para informações detalhadas sobre os Pais da Igreja, ver: Berardino, A. (dir.), Diccionario Patristico y de La Antigüedad Cristiana, (Salamanca: Ediciones Sigueme, 1991), 1a edição. Ver também: Quasten, J., Patrologia, B.A.C., (Madrid: La Editorial Católica, 1984), 1a edição. 67 Heick, O. W., A History of The Christian Church, (Philadelphia: Fortress Press, 1965), 1a edição I:44. 68 Na posição católica, a autoridade dos Pais da Igreja é normativa em questões de fé, “o infalível uninimus consensus Patrum (...) porque quando falam delas, falam como de doutrinas universalmente admitidas (...), dizem [os Pais]: isto é afirmado porque sempre foi afirmado por todas as Igrejas desde o tempo dos apóstolos até nossos dias, sem interrupção”, ver: Quasten, J., I:1-14. 69 ANF I:334. Os textos dos pais da igreja deste artigo foram retirados das coleções Roberts, A., e James, D., (eds), Ante-Nicene Fathers-The Writings of the Fathers Down to A.D. 325. (Grand Rapids, MI: WM. B. Eerdmans, 1967), 1a edição; e de Schaff, P., (ed.) Nicene and Post-Nicene Fathers – The Writings of the Fathers After A.D. 325. Os textos serão citados nas abreviaturas correspondentes às coleções: ANF e NPNF. 70 ANF, I:531. 71 Patterson, B.E., 131. Todos as “modalidades” de glossolalia são estruturalmente semelhantes, ver nota 54. 72 Hinson, 47. 73 Embora Eusébio pertença ao quarto século, o montanismo fez parte do segundo e, por isso, foi situado após Irineu. 74 NPNF, I:231. 75 Hinson, Glossolalia, 45. 76 ANF, III:447. 77 Para Hinson (p.50), Tertuliano “fez uma definida e positiva referência à glossolalia”. Sobre o êxtase em cânticos e orações no pentecostalismo, ver nota de rodapé 38. 78 Quanto ao perfil doutrinário e às razões para a conversão de Tertuliano ao montanismo, ver: Walker, W., A History of the Christian Church, (New York: Charles Scribners Sons, 1959), 1ª edição 64. Comparar com “Tertuliano”, Berardino (ed.), Diccionario Patristico y de la Antiguedad

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Cristiana, (Salamanca: Ediciones Sigueme, 1992), 1a edição II:2095, 2096. Ver também Heick, 123-128. Ver também Hinson, 49, 50. 79 Hinson, E., G., no capítulo “The Significance of Glossolalia in the History of Christianity”, Mills, W., (ed.), 63. Comparar com Heick, O. W., 78,79. Ver também McGiffert, A.C, em comentário de nota de rodapé, NPNF, I, 231. 80 A Frígia se localizava no centro da Ásia Menor. 81 Qualben, L.P., A History of The Christian Church, (Nova Yorque: Thomas Nelson And Sons, 1942), 2a edição, 87, 88. 82 Segundo Boer, (p. 63) Montano era “basicamente cristão”, todavia, pregava que, por seu intermédio, chegara a era do Espírito e a nova Jerusalém desceria em Pepuza, na Frigia”. Cf. Qualben, (p.88): “Os montanistas, “consideravam seus próprios sonhos e visões como mais importantes do que a palavra escrita da Bíblia”, e os dons miraculosos como “teste da verdadeira igreja cristã”. Cf: Tenney, M. (ed.) Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, (Grand Rapids, MI, 1975), 1a edição, 777. 83 Boer, Harry R., A Short History of The Early Church. (Grand Rapids, MI: W.B. Eerdmans Publishing Company), 1988, 1a edição, 63. cf. Elwel, 440. 84 ANF: IV:614. 85 Ver: “Arquelao de Carcara”, Prinzivalli, Berardino A. D. (dir.), I:222. 86 ANF, VI:210. 87 Segundo Donaldson, a Constituição dos Apóstolos é geralmente aceita como uma compilação de escritos cristãos do segundo século (Livros I a VI) até o quarto século (Livros VII e VIII). A data do conjunto dos livros da Constituição é aceita como não-posterior ao quarto século. Ver: Donaldson, J., em nota introdutória de ANF, VII: 387-390. Cf.: Nautin, P., em Berardino, A. D. (dir.), 488, 489. Quanto à datação da Didaquê Siríaca, segundo Cleveland Coxe, sua data pode ser fixada em um período pré-niceno. Coxe, C., em nota introdutória, em ANF, VIII: 647-649. 88 ANF, VII:479. 89 Ibid:448. 90 ANF, VIII: 667, 668. 91 NPNF: VII (second series): 128. 92 Ibid, 384. 93 NPNF: X (second series): página 134. 94 Tomando-se o contexto da citação, o questionamento deste caso não se refere tanto a uma perplexidade, como a uma pergunta retórica. João, (o verdadeiro nome) recebeu o apelido de Crisóstomo, significa “boca de ouro”, por seu destaque como pregador. Ver: Boer, 154-156. 95 Ibid. 96 Ibid., 209 97 Ibid., 210. 98 Ibid, 211. 99 NPNF, IV:443. 100 NPNF, VII: 497. 101 Credos escritos por: Inácio de Antioquia (107); Irineu (180); Tertuliano (200); Cipriano de Cartago (250); Orígenes de Alexandria; (230); Gregório Taumaturgo (270); Luciano de Antioquia (300); Ário (328); Eusébio de Cesaréia (325); Cirilo de Jerusalém (c.350); Epifânio (374); Credo da 17

Constituição Apostólica (350). O autor dispôs os textos em inglês, acompanhados do original em latim ao lado. Ver Schaff, P., (ed.), The Creeds of Christendon – With a History and Critical Notes, (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1919), 1a edição, II:11-41. 102 “Por que a glossolalia ocorreu tão intermitentemente durante muitos séculos?” Hinson, Mills, W., (ed.) 62. 103 Spittler, Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, 339.

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