A DINÂMICA DA SALVAÇÃO

por Aguinaldo C. da Silva

 

 

 

            No decorrer dos séculos da história cristã, teólogos e cristãos em geral têm se preocupado em entender o que vem do homem e o que procede de Deus, ou seja, a parte humana e a parte divina dentro do maravilhoso fenômeno da justificação pela fé.

A Bíblia declara que sem fé é impossível agradar a Deus (Heb. 11:6), ao mesmo tempo declara que ela, a fé, procede de Deus, operando em nós tanto o querer, quanto o efetuar (Filip.2:13). Afinal, a fé provém do homem ou  provém de Deus?  Talvez considerando só um lado da questão, Calvino defendeu o conceito da predestinação para a salvação, afirmando que o Espírito Santo aperfeiçoa os eleitos ou predestinados, e que só por estes Jesus proveu expiação. Isto traz a idéia de que a fé ou a capacidade para desenvolvê-la é um dom inato.

            A Bíblia apresenta a salvação como um convite universal (João 3:16), e portanto, dispondo desta opção com base em nossa livre escolha, todos têm acesso a salvação  (Apoc. 3:20; Jos.24;15). Contudo, pelo contexto bíblico, não devemos pensar que  está no homem a capacidade de realizar a sua própria salvação (Efe.2:8). A fé que está em nós e que vem a agradar a Deus age no momento da escolha, seja de seguir a Cristo ou de vencer o pecado, mas o transformar isto em realidade não está em nós, vem de Deus.

O Espírito Santo continuamente nos toca a consciência indicando a vontade de Deus para a nossa vida. Em resposta nós clamamos a Ele para que nos socorra diante da nossa incapacidade de vencer o pecado. A cada dia devemos renovar nossa entrega a Cristo, buscando Dele forças para que nos momentos de tentação possamos resistir ao mal. Somos derrotados quando  não clamamos mais, confiando que somos capazes ou que, temos experiência e disciplina pessoal suficientes para resistir as tentações. A falta do sentimento de dependência de Cristo e da consciência de incapacidade para lutar contra o pecado, faz de muitos cristãos joguetes nas mãos do inimigo. Quando pensamos em nos comportar bem para recebermos a aprovação divina, ficamos apenas patinando na vida espiritual, convivendo com a frustração ou desenvolvendo uma pretensa justificação própria.

O foco de nossa atenção deve estar na interação com Cristo, pois a realidade deste fato em nossa vida nos dá certeza de que estamos acobertados pelo manto da Sua justiça. Esta era a preocupação de Davi e de outros heróis da fé no passado, ter a certeza de que Deus não lhes havia fechado os ouvidos ou escondido seu rosto ( 13:24; Sal. 13:1; 31:16; 51:11; 69:17).

 A progressão no caminho da santificação vem naturalmente, pois o Espírito Santo concede gradativamente mais percepção espiritual e sensibilidade. Assim notamos o quanto somos insuficientes em nossos dons e clamamos por mais amor, fé, paciência, caridade, benignidade, temperança entre outros dons. Assim caminharemos de forma progressiva, nas palavras de Paulo: “... de fé em fé, como está escrito o justo viverá pela fé.” Rom. 1:17.