A  PACIÊNCIA  DE  DEUS

por Morris Venden

 

C

erta vez vi em uma primitiva sepultura americana esta inscrição: "Aqui jaz Lem S. Frame, que em sua vida matou 89 índios. Esperava ter matado 100 até o fim do ano em que adormeceu em Jesus, em sua casa de Hawk's Ferry." Ao ler isto, senti que algo estava errado. Alguém compreendera mal o caráter de Deus.

Quando eu era aluno da faculdade, um grupo de nós foi ao Hollywood Bowl para ouvir um famoso pregador cujo assunto incluía cheiro de enxofre e gritos do inferno. Ele fez um chamado ao altar, e pessoas foram à frente, rogando a misericórdia de um Deus irado. Naquela noite, ao voltarmos para casa, nosso carro foi atingido por um raio. Lembro-me de quão calmos estávamos no restante do caminho para casa, indagando se Deus não estava zangado conosco por termos ido àquela reunião. É esta a maneira corno Deus opera?

– Eu gosto um pouco de Jesus, mas não gosto de Deus! – têm-me dito alguns.

– Por que não?

– Porque Jesus é misericordioso, mas Deus é severo e cheio de ira.

É isto um verdadeiro retrato de Deus? A devida mistura do amor e da justiça divina tem sido debatida por muito tempo. A classe irresponsável do cristianismo O pinta como sendo amor, suavidade e luz – um Deus que nunca fere a ninguém e que finalmente permitirá que todos entrem no Céu. O outro extremo vê a Deus como sendo áspero, severo, aguardando qualquer oportunidade para destruir Suas criaturas. E somente alguns serão capazes de escapar à condenação de um inferno de fogo abrasador.

Esta compreensão equivocada do caráter de Deus tem levado muitos a se distanciarem da religião. Tenho me encontrado com pessoas que eram incrédulas porque lhes tinha sido dado o retrato errado de Deus. Se elas tivessem aceito a versão que muitos têm sido ensinados a crer acerca de Deus, acho que o próprio Deus teria sido infeliz.

Quando lhe foi perguntado por que negava a existência de Deus, um homem bem conhecido respondeu: "Eu sou um agnóstico porque não tenho medo de pensar. Não tenho medo de qualquer deus no Universo que envie a mim, ou a qualquer outro ser humano, para o inferno. Se houvesse tal ser, ele não seria Deus. Seria um diabo."

E esta é uma opinião muito boa, exceto que esse homem não se preocupava em estudar a Bíblia para descobrir a verdade acerca de Deus.

O apóstolo Paulo nos diz que o caráter de Deus tem sido malcompreendido e mal-interpretado desde o início do mundo. Os indivíduos uma vez souberam alguma coisa a Seu respeito, mas não O glorificaram como Deus. Como resultado eles "... se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem do homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis." Romanos 1:20-23.

É possível mudarmos a Deus em algo que Ele realmente não é, mesmo que não nos curvemos diante de ídolos de madeira e de pedra. Se não temos a compreensão correta do Seu caráter, estamos adorando um falso Deus! Sabemos que os últimos raios de misericordiosa luz, a última mensagem de misericórdia a ser dada ao mundo, constitui uma revelação do Seu caráter de amor. A menos que saibamos como Deus realmente é, não seremos capazes de revelá-Lo ao resto do mundo!

Onde podemos descobrir a respeito do Seu verdadeiro caráter de amor e misericórdia? Em S. João 14, Jesus disse aos Seus discípulos: "Se vós Me tivésseis conhecido, conheceríeis também a Meu Pai."

Disse Filipe: "Mostra-nos o Pai. "

Jesus respondeu: "Há tanto tempo estou convosco, e não Me tens conhecido? Quem Me vê a Mim, vê o Pai. ... Eu estou no Pai ... e o Pai está em Mim. As palavras que Eu vos digo não as digo por Mim mesmo; mas o Pai que permanece em Mim, faz as Suas obras."

Qual era a missão de Jesus? Por que Ele veio? Jesus veio a um mundo que estava completamente equivocado acerca de Deus, a fim de demonstrar o que é realmente o Pai – o que Ele sempre tem sido e o que sempre será.

Um dia Jesus e Seus discípulos passaram por um cego (S. João 9). os discípulos perguntaram: "Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?''

Sua pergunta se baseava no conceito comum de Deus e do mal. O povo dos dias de Cristo acreditava que a enfermidade e a morte eram punição arbitrária de Deus por algum mau procedimento, ou do próprio sofredor ou de seus pais. Por causa disto, a pessoa sofredora tinha o fardo adicional de ser considerada um grande pecador.

Jesus corrigiu seu erro explicando que a enfermidade e a dor são causadas por Satanás. Mas um dos mais hábeis ardis do diabo é, em lugar disto, projetar seus próprios atributos em Deus, e como resultado, milhões de pessoas através dos séculos têm acusado a Deus pelo sofrimento, doença e morte.

Um dia Jesus passou por algumas aldeias samaritanas em Seu caminho para Jerusalém. Quando Seus discípulos solicitaram permissão para pernoitar, uma aldeia recusou, e os discípulos pediram a Jesus que fizesse descer fogo do Céu para destruir os samaritanos. Jesus respondeu-lhes: "Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salva-las." S. Lucas 9:56.

S. João 3:16 e 17 nos diz que Deus amou tanto ao mundo que enviou Seu próprio Filho para redimir-nos. Ele "enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele." Este é o evangelho! Isto é redenção!

Outra vez alguns vieram a Jesus para falar-Lhe de um grande massacre. Tinham sido populares as insurreições contra Pôncio Pilatos, governador da Judéia, e a fim de restaurar a ordem na província, ele permitiu que seus soldados invadissem o templo e matassem peregrinos galileus que se achavam no próprio ato de oferecer sacrifícios a Deus.

Quando os judeus relataram a Jesus esta calamidade, eles não sentiram piedade ou simpatia; pelo contrário, sentiram no profundo do seu ser um sentimento de satisfação: "Sendo que esta tragédia não aconteceu conosco, então devemos ser melhores e mais favorecidos por Deus do que aqueles galileus."

Jesus conhecia seus pensamentos íntimos e os reprovou dizendo: ''Suponho que vocês acham que esta tragédia lhes aconteceu porque eles eram maiores pecadores do que vocês. Não assim! Todos vocês também têm grandes problemas, e a menos que se arrependam, todos vocês perecerão." S. Lucas 13:1-5.

Jesus não está aqui ignorando a justiça de Deus. Realmente, é coisa importante considerar a justiça e o juízo de Deus, bem como Sua misericórdia. Demos também uma olhada para o outro lado do caráter de Deus.

Nos dias modernos temos visto grandes calamidades que podem indicar os juízos de Deus. Lembro-me de ter lido a respeito da erupção do Monte Pelée na ilha da Martinica, nas Antilhas em 1902. A capital, St. Pierre, foi completamente destruída. Somente duas pessoas sobreviveram, e uma delas era um prisioneiro em uma cela muito profunda.

É muito interessante notar o que aconteceu pouco antes que a erupção vulcânica destruísse a cidade. No dia anterior um porco fora crucificado em zombaria da crucifixão de Cristo. Então, posteriormente, um outro porco foi levado em procissão pelas ruas para representar a ressurreição.

Na manhã do dia em que St. Pierre foi sepultada em cinzas, os jornais anunciaram um golpe final contra a religião cristã. Eles diziam que o sacramento da Santa Ceia seria administrado a um cavalo. A destruição dos desafiantes pecadores de St. Pierre, juntamente com outros que não tiveram nenhuma parte na blasfêmia pode ter sido deveras uma coincidência, mas a Bíblia nos diz que no devido tempo Deus trará a juízo todas as obras.

Segundo os geólogos, São Francisco pode se atolar no oceano a qualquer momento. Esta horrorosa predição tem se transformado de algum modo em uma comédia e pilhéria entre o povo da Área da Baía de São Francisco. Mas a verdade é que sabemos que um dia desses a misericórdia não mais pleiteará, e a justiça será aplicada. A Bíblia descreve ocasiões no passado em que Deus "não poupou" porque Sua justiça não podia mais permitir que as condições continuassem como estavam.

A primeira vez em que Deus "não poupou'' está registrada em Gênesis 18. Abraão, "o amigo de Deus", estava regateando com Ele a respeito da sorte de Sodoma. E evidentemente ele deve ter tido um relacionamento de profunda amizade e intimidade com Deus, para pechinchar deste modo.

Ele perguntou: "Irás destruir o justo com o ímpio? Suponhamos que haja 50 justos dentro da cidade. Poupá-la-ás por causa dos justos que estão dentro?''

E ele então apelou para o senso de justiça de Deus, acrescentando: "Longe de Ti que ajas deste modo, que mates o justo com o ímpio, e que o justo seja como o ímpio; longe de Ti tal coisa. Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?''

Deus foi paciente com esse homem que estava procurando ensinar ao seu Criador a coisa devida a fazer. Ele respondeu: "Se Eu achar em Sodoma cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles."

Abraão ficou então nervoso. Talvez tivesse estabelecido um alvo muito alto. O que seria se não houvesse 50? Assim, ele continuou a regatear por um número mais baixo – 40, 30 e 20.

Finalmente ele disse: "Oh, não Se ire o Senhor, que falarei só mais esta vez: E se porventura ali forem encontrados dez justos? Ainda pouparás a cidade?" E o Senhor respondeu: "Não a destruirei por amor dos dez.'' Deus seguiu Seu caminho, e Abraão evidentemente se sentiu seguro, porque voltou para casa, mas você conhece o resto da história. Não havia nem mesmo 10 justos em Sodoma, e esta, juntamente com a cidade de Gomorra, foi destruída. Deus viu que a iniqüidade e rebelião estavam num ponto em que não mais poderia permitir que continuasse, porque Ele é um Deus de justiça.

A segunda vez em que Deus "não poupou" encontra-se em Romanos 11:21. Paulo estava escrevendo aos cristãos de Roma, implorando-lhes que mudassem seus caminhos. Um dos seus argumentos traçava um paralelo com a oliveira. Lembrou-lhes que embora fossem zambujeiros que tinham sido enxertados na oliveira, Deus tinha quebrado os ramos naturais (a nação judaica), porque haviam chegado a um ponto em que Sua misericórdia e justiça não mais podia poupar toda a nação. Depois de milhares de anos de paciência e longanimidade, Deus rejeitou Israel como Seu povo peculiar. Ele não excluiu da salvação seres individuais, mas eles não eram mais, como grupo, Seus representantes para o resto do mundo.

Paulo nos diz que o golpe final veio depois que os judeus rejeitaram o Filho de Deus. Estavam muito ocupados como religiosos para achar algum tempo para seu Salvador, o único Justo (Romanos 9:31 e 32).

O terceiro exemplo em que Deus "não poupou" por causa da Sua justiça é descrito em II S. Pedro 2:5. Deus "não poupou" o mundo antigo, mas salvou apenas a "Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas, quando fez vir o dilúvio sobre o mundo de ímpios". Somente oito pessoas foram poupadas.

Por quê? Gênesis 6:5 descreve a condição do homem daquele tempo como sendo "má continuamente". O mundo chegara a um estado de degradação que era geral, e atingira um ponto em que a justiça de Deus não podia mais permitir que as coisas continuassem. Se Ele tivesse passado por alto todos os males e injustiça, Seu Universo teria se desintegrado, porque se as penalidades para a injustiça não são aplicadas, as leis não podem permanecer, e se elas não permanecem, então o governo é invalidado e resulta em anarquia. Servimos a um Deus que é demasiado inteligente para permitir que isto aconteça!

A quarta vez em que Deus "não poupou" penetra o próprio Universo. II S. Pedro 2:4: "Ora, se Deus não poupou a anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo." Quando o pecado entrou na própria presença de Deus, a rebelião se manifestou em Suas cortes, dirigida por um poderoso anjo. E os "anjos ... não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio". S. Judas 6. Embora Deus fosse extremamente paciente com eles, Ele finalmente Se viu obrigado a fazer cessar a rebelião.

Você conhece os resultados desta guerra no Céu, porque aqueles anjos que foram expulsos ainda estão hoje em nosso mundo, às vezes em nossos próprios lares e em nosso coração.

Bem, a justiça de Deus parece um tanto inflexível, não é? Ele não poupou uma cidade, uma nação, um mundo, ou mesmo o Universo por causa do pecado! Como pode este mesmo Deus encontrar misericórdia suficiente para perdoar um pecador individual?

Gostaria de assegurar-lhe que há esperança para cada um de nós, porque Deus "não poupou" mais uma vez. Romanos 8:32 nos diz que Ele "não poupou a Seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou", e se Ele fez este tão grande sacrifício, "porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?"

Se você estudar o sacrifício de Jesus na cruz, descobrirá que esta é a maior ocasião em que Deus "não poupou". Aqui está demonstrada a concepção de que Deus deu a Si mesmo. Nada dessa idéia de Deus rogando a Seu Filho que fosse, ou Jesus pleiteando com Seu irado Pai para que poupasse essas pessoas! Fora com tais conceitos!

Ao invés disto, você pode ver o Pai e o Filho envolvidos juntos neste grande sacrifício. Ambos trabalharam pelo plano da redenção, e ao dar Seu Filho, Deus deu tudo. Deu mais do que se pudesse ter dado a Si mesmo. Jesus foi o maior dom que Deus poderia nos ter dado. Ele não poupou o Seu próprio Filho a fim de que Sua justiça pudesse continuar inalterável e Seu amor pudesse igualá-la.

Um dia, séculos atrás, Jesus Se achava em íntima conversação com o Pai. Os anjos eram espectadores. O ar estava carregado de suspense. Todos estavam indagando como o plano original de Deus tinha fracassado depois da entrada do pecado, e estavam indagando o que Deus faria para concluir o plano.

Depois de muito tempo, Jesus saiu daquela íntima comunhão com Seu Pai, e foi revelado que Ele tinha Se oferecido para morrer em lugar do homem. Assim, Deus deu todo o Céu, o Seu próprio Filho. Ele não poderia ter dado nada mais.

Aqui você vê Deus e Jesus juntos, unidos em um só propósito. E se você gosta de Jesus, então gosta de Deus, e se você não gosta de Deus, então não gosta de Jesus. É simplesmente isto. Eles estão juntos, unidos neste grande plano de redenção.

Estude o caráter de Deus conforme revelado por Jesus. Como Se relacionou Jesus com os pecadores quando esteve na Terra?

Você vê um homem descendo para a orla de uma grande multidão junto a um lago. É um leproso, considerado sob a maldição de Deus. Enquanto ele se aproxima, o povo recua. Não o querem por perto; estão com medo de serem contaminados por esse pecador. Mas Jesus convida esse pobre leproso à Sua presença, e toca o intocável. Ele diz: "Eles o consideram um intocável sob a maldição de Deus. Pensam que você é um grande pecador, mas EU o limparei.'' Quem estava falando? Era o Pai.

Você avista uma mulher sendo arrastada através do pó para a presença de Jesus. Eles estão ao redor, prontos para atirar-lhe pesadas pedras, a fim de aniquilá-la. Mas Jesus diz: "Nem Eu também te condeno; vai-te, e não peques riais." O perfeito equilíbrio de justiça e misericórdia em Sua resposta. Quem estava falando? Não era somente Jesus. Era Deus. O Deus do Antigo Testamento? Sim, o mesmo Deus.

Você vê um homem oculto pelas trevas indo ver a Jesus. Ele não quer que ninguém saiba que ele está ali. E ao tentar entrar em um debate teológico, está realmente dizendo: "O que devo fazer para ser salvo? De que eu preciso?"

E Jesus responde: "Deves nascer de novo. Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito a fim de redimir o mundo inteiro.'' O Deus do Antigo Testamento? Sim. Este é o grande Deus de amor – o mesmo ontem, hoje, e para sempre.

Você vê um homem suspenso numa cruz, e ele se volta para Jesus e consegue fazer sair algumas palavras da sua boca ressequida: "Senhor, lembra-Te de mim.''

E Jesus lhe promete: "Eu Me lembrarei de ti. Estarás comigo no Céu." Quem era Aquele? Somente Jesus? Não. Era também Deus o Pai.

Repetidamente Ele deu aos judeus a oportunidade de se arrependerem. Eles Lhe tinham virado as costas continuamente, matando os profetas e apedrejando aqueles que tinham sido enviados para ajudá-los. Finalmente Ele enviou Seu Filho, Jesus em pessoa, como a maior manifestação de Si mesmo. ''Dá-lhes outra oportunidade." Que demonstração da glória e da misericórdia de Deus!

Se estivéssemos na cruz, com homens maus zombando de nós, teríamos invocado as 12 legiões de anjos para lutar com eles. Mas ao invés disto, Jesus pronunciou as perdoadoras palavras: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.''

Mesmo depois da cruz, a paciência de Deus não terminou. Depois de ter a nação sido rejeitada, Ele continuou a pleitear com indivíduos para que se arrependessem.

A glória do Shekinah foi afastada do Templo, mas Deus enviou os discípulos primeiramente a Jerusalém, o lugar onde Jesus havia pronunciado as palavras de condenação: "Eis que a vossa casa vos ficará deserta." Durante todas as viagens missionárias dos apóstolos, o povo judeu foi incluído ano após ano. A Igreja Cristã primitiva não era apenas para os gentios. Ele enviou de volta Seus mensageiros repetidamente para "dar-lhes mais oportunidades'' de se arrependerem, de se volverem para Ele.

Ao ser Estêvão apedrejado por uma turba irada, o Espírito Santo veio sobre ele, e ele orou: "Perdoa-lhes. Ainda não desista deles."

Não permita que esta história se restrinja simplesmente ao povo dos dias de Cristo. Seu chamado de misericórdia e amor prossegue hoje a cada pessoa, a cada coração. Aplique-o à sua vida, à sua família, àqueles por quem você tem estado orando, ao bêbado, ao viciado em entorpecentes, aos casos aparentemente irremediáveis.

Aqui está um marido que parece bom na igreja, mas em casa ele briga com a esposa. Que faremos com ele? Deixe o seu caso com Deus. Não o elimine.

Aqui está um jovem que dirige um grupo de cantores de cânticos evangélicos, mas blasfema o nome de Deus quando não é bem-sucedido. Que faremos com ele? Cortá-lo? Não, deixe-o com Deus.

Escute, antigo, mesmo que você tenha fugido de Deus por ter compreendido mal o Seu caráter, se você agora está cansado de correr, mas atemorizado de que Ele não o aceita de volta, ouça Suas amigáveis palavras de convite: "Vinde a Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei." Descubra o que significa prostrar-se diante da cruz e comungar com seu Salvador, Senhor, e Amigo. Em Sua grande misericórdia, Deus não o matou. Não olha friamente para você. Não Se afasta com indiferença, nem o abandona à destruição. Olhando para você, Ele clama, como clamou tantos séculos atrás em relação a Israel: "Como te deixarei?"

Virá, finalmente, um dia em que Deus não mais poupará a este mundo de pecado. Nesse ínterim, porém, há redenção para todos, mesmo para as pobres pessoas que talvez pareçam ter ultrapassado o limite da misericórdia divina. Temos razão para crer que um motivo por que Jesus ainda não voltou é por amor a todos os que ainda não aceitaram o Seu plano de salvação. Sua misericórdia continua. Ela prossegue indefinidamente.

Então, por que Deus finalmente porá termo ao nosso mundo? Sua paciência finalmente se esgotará? Não. Apocalipse 11:18 nos diz que a paciência de Deus continuará até que o homem chegue ao ponto de destruir-se a si mesmo.

Embora este mundo não seja poupado, Ele poupará um grupo de pessoas, porque não poupou a Seu próprio Filho (Malaquias 3:17)! Não gostaria você de fazer parte do grupo de pessoas que Deus poupará?

Como é isto possível? Como respondo ao Seu apelo?

Tenho de aceitar e receber diariamente Seu dom de Cristo. Não há nenhum outro meio, porque a fim de perceber a bondade e a misericórdia do nosso paciente Deus de justiça, eu tenho de estudar e contemplá-Lo continuamente. Posso ouvir acerca do Seu amor através do púlpito ou da minha classe de Bíblia, mas isto ocorre apenas uma vez por semana e, com freqüência, talvez menos. A fim de arrepender-me diariamente, tenho de contemplar e perceber a bondade de Deus para minha própria vida cada dia. Se eu negligenciar isto, há uma maneira de apagar isto aos poucos da minha mente, assim como a recordação de amigos se enfraquece quando eles estão ausentes.

Sou hoje grato por um Deus que nos ama o suficiente para enviar o Seu mais valioso dom – Seu Filho – a fim de revelar o Seu verdadeiro caráter. E Ele prometeu nos transformar o caráter e dar-nos a vitória.

Que Deus nós servimos! Ele não nos trata da maneira como tratamos uns aos outros. Sou grato por ter Deus prometido aceitar-nos, não importa onde tenhamos estado ou o que tenhamos feito no passado, porque Sua misericórdia prossegue interminavelmente. Responderemos com gratidão, procurando conhecê-Lo, e então revelando aos outros em nossa própria vida como Ele realmente é?

Querido Pai celestial, damos-Te graças por Tua paciência e misericórdia neste mundo de pecado. Pensamos na injustiça que temos praticado representando mal aos outros o Teu caráter amoroso. Não merecemos Teu grande plano de salvação – não podemos fazer nada para merecê-lo mas nos arrependemos e pedimos o Teu perdão. Deves estar cansado deste mundo de pecado e sofrimento. Já teríamos desistido há muito tempo, mas continuas a dar-nos mais oportunidades. Obrigado por enviares a Jesus em Sua missão de misericórdia a fim de revelar que és o nosso melhor Amigo. Atrai-nos para mais perto de Ti a fim de que possamos cada dia conhecer-Te mais e mais. Oramos em nome de Jesus. Amém.

 

 

Extraído do livro: Como tornar real o cristianismo.